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terça-feira, 24 de maio de 2011

ESTÁ NO UOL NOTICIAS 24/05/2011

Policiais civis de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará, estão em campo no início da tarde desta terça-feira (24) para apurar o assassinato de José Claudio Ribeiro da Silva no projeto de assentamento agroextrativista Praialtapiranheira. Líder da associação de camponeses da região, Silva se tornou conhecido por denunciar a ação de madeireiros ilegais na floresta Amazônica. Além da morte dele, a polícia tenta confirmar também se a mulher de Silva, Maria do Espírito Santo da Silva, que teria sido baleada, morreu ou não.

Depoimento de Zé Cláudio no TEDxAmazônia

Segundo informações da imprensa local, o casal, que há anos militava contra a exploração feita pelos madeireiros, já tinha denunciado que havia sofrido ameaças de morte feitas por alguns de seus alvos --sem, no entanto, ter recebido qualquer tipo de proteção policial que os resguardasse.
Em novembro do ano passado, quando foi palestrante no TEDX Amazônia --espécie de fórum internacional que reuniu mais de 400 pensadores de diversas áreas do conhecimento sob o tema da qualidade de vida no planeta --, Silva já havia dito ao público o risco que corria: “A mesma coisa que fizeram no Acre com Chico Mendes (líder ambientalista assassinado em 1988) querem fazer comigo; a mesma coisa que fizeram com irmã Dorothy Stang (missinária norte-americana assassinada no Pará em 2005) querem fazer comigo. Posso estar falando hoje com vocês e daqui um mês vocês podem ver a notícia que eu já faleci”, sentenciou.

Na palestra, Silva disse que em 1997, quando foi criado o projeto de assentamento extrativista, a cobertura vegetal na região chegava a 85% do território, com florestas nativas de castanha e cupuaçu. “Hoje resta pouco mais de 20% dessa cobertura”, disse ele, que se auto-denominava castanheiro desde os sete anos. “Vivo da floresta, protejo ela de todo jeito, por isso vivo com a bala na cabeça a qualquer hora porque eu vou pra cima, eu denuncio (...) Quando vejo uma árvore em cima do caminhão indo pra serraria me dá uma dor --é como o cortejo fúnebre levando o ente mais querido que você tem, porque isso é vida pra mim que vivo na floresta e pra vocês também, que vivem nos centros urbanos”, disse.
Sobre a sensação de medo diante das ameaças que afirmava sofrer, o castanheiro resumiu, na palestra: “Medo eu tenho, sou um ser humano, mas o meu medo não empata de eu ficar calado. Enquanto eu tiver forças pra andar, estarei denunciando todos aqueles que prejudicam a floresta”.
A polícia só deve se manifestar sobre o caso na parte da tarde.


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