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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A eternidade de um ídolo


21.08.2014

Há exatos 25 anos, Raul Seixas morria vítima dos próprios excessos. Legado permanece vivo


raul seixas
Lá se vão 25 anos desde que o mundo perdeu Raul Seixas. Efemérides redondinhas - primeiro ano, múltiplos de cinco ou dez - costumam reavivar com mais força as homenagens. O caso de Raul, no entanto, é peculiar. Trata-se de um dos poucos músicos cujo legado foi robusto o suficiente para continuar inspirando movimentações periódicas em torno dele - de shows covers e encontros rauseixistas a regravações de hits e teses acadêmicas.
Todos os anos, grandes encontros de fãs do artista acontecem em várias cidades do País. Dezenas de cantores e compositores já regravaram composições suas - para ficar em exemplo recente, ouça "A maçã", presente no disco "Calma aí, coração" (2014), de Zeca Baleiro.
Em Fortaleza não é diferente, muito graças ao trabalho do fã-clube Raulzito Rock Clube, que mantém agenda regular dedicada ao ídolo. Os próximos eventos acontecem amanhã e no sábado, 23, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC).
Tese
Se for para escolher, esteja amanhã no auditório do CDMAC, onde será lançado o livro "A chave da Sociedade Alternativa", da socióloga Juliana Abonizio. Derivada da tese de doutorado da autora, a obra debruça-se sobre os "rauseixistas" - pessoas que ultrapassaram as características de fã para criar "sociabilidades próprias" fundamentadas na visão de mundo particular de Raul Seixas.
São presidentes de fãs-clubes, artistas covers, colecionadores, autores e outras figuras que transformam suas vidas e passam a moldá-las em torno do legado do baiano. A partir daí, articulam-se "no tecido social de forma específica".
O lançamento terá apresentação da jornalista Inês Romano - ela mesma autora de livro sobre Raul Seixas - e, claro, presença da autora. O convite partiu do presidente do Raulzito Rock Clube, George de Lima, que em ocasiões anteriores já chamou outros escritores com trabalhos relacionados a Seixas.
Para encerrar a noite, Brenna Freire e Ribamar Freire farão uma apresentação instrumental com violões, dedicada ao disco "Gita", um dos mais importantes da carreira de Raul e que neste ano completa quatro décadas de lançamento. O show tem participação especial de Plínio de Lima.
Já a atração do sábado é mais conhecida do público. No palco Rogaciano Leite (sob a passarela do CDMAC), a banda Renegados faz show em homenagem a Raul, com todas as faixas de "Gita" (e, novamente, com participação de Plínio). As duas ocasiões são gratuitas e abertas ao público.
Literatura
Fundado há 24 anos, o Raulzito Rock Clube desde então sempre promove eventos em homenagem ao seu ídolo - especialmente nos meses de junho e agosto, meses de nascimento e morte de Raul, respectivamente. A única exceção foi junho deste ano, devido à programação da Copa do Mundo em Fortaleza.
Palestras, lançamentos literários e shows são algumas das atividades constantes. Para George, a regularidade não torna a programação repetitiva. "Sou suspeito para falar, mas a obra de Raul é muito vasta e permanece atual, especialmente quando fala de educação, economia, política. Sua consistência torna Raul imortal, alvo de peças de teatro, documentários, livros, relançamentos de discos e regravações por outros artistas. Temos muito campo para trabalhar", explica.
Nos últimos anos, porém, a atenção de George voltou-se particularmente à literatura, em especial na esfera acadêmica. "Sua obra já inspirou desde monografias até teses de doutorado. Isso sinaliza sua importância para a música e a cultura brasileiras", comenta.
Segundo o presidente, a programação do fã clube é importante ainda para alcançar novas gerações que não conhecem o legado de Raul. E, no fim das contas, também é uma maneira de reunir admiradores do cantor, para "celebrar sua obra e as amizades", já que o clube não tem sede.
Adriana Martins
Repórter

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