Irmã Elisabeth, que por três vezes foi diretora do Colégio da Imaculada Conceição, morreu aos 95 anos. O enterro será esta manhã no Cemitério São João Batista
Das histórias marcantes de irmã Elisabeth Silveira, há sempre aquelas em que ela aparece como uma educadora firme e amorosa. A sobrinha-neta Ayla Mesquita Martins, 36, lembra-se com clareza do dia em que fez uma pergunta para então professora de Português e a escorregadela na língua serviu de lição. “Ela só me respondeu depois de dar uma aula sobre meu erro. Aprendi para nunca esquecer. Ela era uma educadora à frente do seu tempo”, comenta sobre a tia-avô que, ontem, aos 95 anos de idade e 73 de vida religiosa, morreu, deixando uma legião de ex-alunos admiradores.
A força educadora de Elisabeth era tamanha, que a religiosa deixou um legado até mesmo para sua enfermeira nos últimos quatro anos, a irmã Maria Luiza. “Ela não conseguia mais ler, mas não conseguia se desapegar dos livros. Eu lia para ela, e ela ia me ensinando. Ela, em momento nenhum, deixou de ser uma mestre”, conta.
Nascida no dia 11 de abril de 1920, em Fortaleza, Maria José Bastos Silveira, que mais tarde se tornaria a irmã Elisabeth, foi diretora por três vezes do Colégio da Imaculada Conceição (CIC). Era a mais velha de nove filhos e a última a morrer. Concluiu os cursos do ginásio e do pedagógico naquele colégio. Diplomou-se professora em 1937. Passou a residir com sua família em Pacoti, onde foi professora.
“Foi admirando o trabalho das freiras de um instituto que ficava em frente a sua residência em Pacoti, que ela se decidiu pela vida religiosa”, explica irmã Rita de Cássia Ramos de Vasconcelos, ex-diretora e atual secretária do CIC.
A inteligência extraordinária e o carisma muito marcante são as lembranças mais fortes que o professor de Química Osvaldo Freitas tem dos anos em que trabalhou com irmã Elisabeth. A ex-aluna Célia Bernardo põe, na conta da inspiração e do incentivo muito dedicado da religiosa, sua formação como professora. “Ela era uma fonte infinda de conhecimento a ser bebida. Uma mulher de uma intelectualidade excepcional”. Ela lecionou religião, francês, português, didática e psicologia e, em 1962, estudou no Langue et Literature Française no Institut Catholique na França, em que também atuou como tradutora.
Nos últimos dois meses, em que esteve internada - acometida por complicações respiratórias e cardíacas, que culminaram em uma hemorragia digestiva - irmã Elisabeth pareceu relembrar os anos na Europa e só falava em francês.
A missa de corpo presente está marcada para as 8 horas deste sábado, 6, na capela do Pequeno Grande, no bairro Centro, e o enterro no Cemitério São João Batista.
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