Mulher dá à luz no banheiro de casa com a ajuda de policiais
As dores começaram na noite anterior e o parto durou 20 minutos. O resto do dia, Mônica Bezerra passou no hospital, se recuperando do esforço. Mãe e filho passam bem, mas precisam de ajuda.
Na casa, não havia mais ninguém. Apenas uma grávida de 22 anos. Ela sentia dores. Fortes dores desde as 18h do dia anterior. Deitou. Mas passou a noite em claro. As contrações não permitiam um cochilo sequer. O sol chegou e nada do pequeno dar descanso. Até uma ida ao banheiro.
Algo simples, não fosse o estouro da bolsa d’água. Eram 7h20min de ontem. E João Iarley vinha ao mundo de forma apressada. Tão depressa que só deu tempo de gritar por socorro. O desespero alarmou a cunhada, moradora da casa ao lado - onde também vivem o padastro e a mãe.
Na Pajuçara, distrito de Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza, Mônica Soares Bezerra deu à luz o seu sexto filho com o apoio da cunhada e de quatro policiais do Ronda do Quarteirão. Os PMs foram acionados por outra vizinha. “Doía muito e eles me pediam para ter calma. Mas, na hora, não dá para ter calma”, narra.
Sequer deu para esperar a ambulância. Logo, o parto improvisado aconteceu no chão do banheiro mesmo. Quando a equipe do Hospital Pajuçara Dionísio Lapa chegou, o bebê já estava nos braços da ajudante e a mãe sentada no vaso sanitário. O cordão umbilical mantinha-se preservado. “Não cortamos, porque não tínhamos equipamento”, explica o soldado Josenir de Lima Pereira.
Na porta da casa, uma multidão de curiosos. Tentando abrir caminho, a avó da criança. Eram quase 8h e dona Maria das Dores vinha justamente no hospital. Estava lá há um dia. Acompanhava a neta, Luana, 3, submetida a uma cirurgia no braço. “Eu e meu marido ficamos desesperados com aquele horror de gente e a situação em si. Mas, quando entrei, ele (João Iarley) já tinha nascido”, lembra.
Estafa
Deitada em um dos leitos da unidade A da maternidade, Mônica paparica o herdeiro. No rosto, o cansaço da noite mal dormida e do esforço feito para o menino nascer. “Eu pensava em ter no hospital... tudo direitinho”, cita.
Mas o destino resolveu pregar uma de suas peças. Criada em Croatá da Serra, na Ibiapaba, ela chegou em Fortaleza há uma semana. Agora, precisa dividir-se entre Iarley e outro recém-nascido. Com um ano e oito meses, Richardison também necessita de atenção especial. Monique, 8, e Daniele, 6, completam a lista de filhos. O sexto acabou morrendo após o nascimento.
Mesmo com a pouca idade e já responsável por tantos pequenos, a jovem admite a possibilidade de ter outra criança. “Não tenho coragem de ‘ligar’ (as Trompas de Falópio). Mas, por agora, vou dar um tempo”.
Apesar do parto inesperado, João Iarley nasceu sadio. Tem 49 centímetros e 3,715kg. O esforço também não deixou sequelas na mãe. Contudo, como sofria com anemia, os médicos constataram baixa nos índices de hemoglobina. Ontem mesmo, ela recebeu transfusões de sangue. “Não é nada grave. Ela foi uma guerreira”, diz a enfermeira Auriacele Nobre.
E-MAIS
>Até ontem à noite, o pai de João Iarley ainda não havia conhecido o pequeno. Quando a mulher entrou em trabalho de parto, ele já tinha saído para o trabalho.
>Só ficou sabendo do parto no banheiro no almoço, ao retornar para casa. “Ele ficou tão desnorteado que voltou na mesma hora para o trabalho”, explica a sogra, Maria das Dores.
>Mônica Bezerra precisa de ajuda para manter os cinco filhos. Ela sequer tem uma banheira para dar banho no novo pequeno. Por isto, pede ajuda.
>As principais carências são: fraldas e roupinhas. Quem puder ajudar pode entrar em contato com a família nos números 8629.7830 (Maria das Dores, avó de Iarley) ou 8867.9733 (Monalisa, tia de Iarley).
>Numa situação como a vivida por Mônica, o ideal é deixar o parto transcorrer naturalmente.
>Não se deve conter o nascimento ou forçar uma saída do bebê.
>Também não é recomendado que ajudantes cortem o cordão umbilical. Este é um procedimento que deve ser feito com equipamentos específicos. Do contrário, corre-se o risco de o bebê e a mãe contraírem algum tipo de infecção.
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