Lisboa querida!
A capital portuguesa é muito mais que um ponto de passagem para quem vai de Fortaleza à Europa. Acolhedora e encantadora, Lisboa com certeza ficará para sempre em sua memória
(ANDRÉ GOLDMAN/ESPECIAL PARA O POVO) Ah, Lisboa. Lisboa querida. Não há adjetivo mais apropriado para descrever esta cidade encantadora, que faz você se sentir em casa. Não só por ter o mesmo idioma – até porque, muitas vezes, é impossível entender o que os portugueses dizem –, mas por ser uma cidade muito acolhedora. A Lisboa de Fernando Pessoa, de José Saramago, é muito mais que um ponto de passagem para quem vai de Fortaleza à Europa. Portanto, se puder, desista da ideia da escala e aproveite o voo direto para incluir a capital portuguesa em seu roteiro.
Uma dica é começar seu passeio pelo Castelo de São Jorge. De lá, é possível ter uma das visões mais bonitas da cidade. O castelo marca a área onde tiveram início os primeiros povoados que deram origem a Lisboa. Aproveite a subida – que pode ser feita pelo elétrico 28 (bondinho) – para apreciar o bairro Alfama, suas ruas estreitas, tipicamente lisboetas, com seu povo e suas roupas penduradas nas janelas. No caminho de volta, vá um pouco a pé. Não deixe de almoçar em um dos vários restaurantes na região. A comida é um espetáculo.
A Praça do Comércio fica bem próximo à decida da Alfama. Ela dá acesso à Rua Augusta, uma das principais e mais charmosas de Lisboa. Nela, há várias opções de compras e, claro, de mais restaurantes. Bem pertinho, na Praça da Figueira, é possível pegar o elétrico 15 e ir para o lado oposto da cidade, onde ficam a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos. São duas construções impressionantes pela quantidade de detalhes. Gaste um bom tempo nesses locais e depois aproveite para comer alguns pastéis de Belém (digo alguns porque você não vai conseguir comer só um).
E não é só de bairros antigos que Lisboa é feita. O Moscavide, que até o início da década de 1990 não passava de uma região industrial abandonada, hoje abriga edifícios de arquitetura arrojada que formam a parte moderna da capital portuguesa. Na região, que parece outra cidade, também há muito o que fazer e apreciar. O Parque das Nações é a principal atração da área. Ele engloba o Pavilhão do Conhecimento, o Oceanário e o Pavilhão Atlântico. Há também um lindo jardim que dá acesso ao teleférico de Lisboa, outra boa opção para se divertir.
Para quem gosta de curtir a noite, a dica é o Bairro Alto. As opções vão desde excelentes restaurantes a bares para dançar ao som da música eletrônica. O interessante da região é que, apesar de as pessoas frequentarem os lugares fechados, há muita gente pelas ruas, bebendo, conversando ou simplesmente circulando. Há muitas maneiras de se chegar ao Bairro Alto. Mas a mais charmosa delas é pelo Elevador da Glória, que nos leva bem próximo ao Miradouro de São Pedro de Alcântara, onde começa a noite de Lisboa.
Com opções para todos os perfis, Lisboa é uma cidade absolutamente democrática. Bem diferente daquela impressão de que a cidade é ‘a parte pobre’ da Europa. A capital portuguesa é um excelente destino para quem pretende conhecer o velho continente. Como disse Fernando Pessoa, ‘Lisboa, vista assim de longe, ergue-se como uma bela visão de sonho, sobressaindo contra o azul vivo do céu, que o sol anima. E as cúpulas, os monumentos, o velho castelo elevam-se acima da massa das casas, como arautos distantes deste delicioso lugar, desta abençoada região’.
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Para quem vai se aventurar sozinho ou sem guias turísticos pela Europa, Lisboa é a cidade ideal para começar a viagem. Além de belos jardins, vistas incríveis e bons museus, a capital portuguesa tem uma gastronomia deliciosa.
SAIBA MAIS
A Lisboa de Fernando Pessoa
Castelo de São Jorge
''O turista que tenha tempo de sobra não deve deixar de subir a este grande castelo, construído num alto de onde se domina uma ampla vista do Tejo e de grande parte da cidade. O castelo tem três portas principais, conhecidas como da Traição, de Martim Moniz e de S. Jorge. Todas elas são muito antigas. O próprio castelo é assaz notável”.
Torre de Belém
“A Torre de Belém, vista do exterior, é uma magnífica joia de pedra e é com espanto e crescente simpatia que o estrangeiro observa sua peculiar beleza. É renda, e da mais perfeita, no seu delicado trabalho de pedra, que branqueia ao longe, dando imediatamente nas vistas a quem vem a bordo dos barcos que entram no rio. O interior é igualmente belo, e dos varandins e terraços tem-se uma vista do rio e do mar, lá ao fundo, que não esquece facilmente”.
Praça de Touros do Campo Pequeno
“Subindo agora a Avenida da República, bem calcetada e cheia de árvores e onde também podem ver-se algumas residências particulares interessantes, descobriremos à nossa direita a grande e arrojada Praça de Touros do Campo Pequeno, que data de 1892 e foi construída em tijolo no estilo árabe. O redondel tem uma área de 5.000 metros quadrados e leva 8.500 pessoas”.
Aqueduto das Águas Livres
“Avistamos o Aqueduto das Águas Livres, um magnífico exemplar de antiga engenharia (...), uma obra gigantesca com uma extensão total de 59.838 metros, dos quais 4.650 são subterrâneos. Tem 109 arcos com 137 claraboias. A parte mais importante é a que passa em Campolide, sobre a ribeira de Alcântara”.
Praça do Comércio
“Chegamos agora a maior das praças de Lisboa, a Praça do Comércio, outrora Terreiro do Paço, como é ainda geralmente conhecida; esta é a praça que os ingleses conhecem por Praça do Cavalo Negro e é uma das maiores do mundo. É um vasto espaço, perfeitamente quadrado, contornado, em três dos seus lados, por edifícios de tipo uniforme, com altas arcadas de pedra. (...) O quarto lado, ou lado Sul, da praça é bordejado pelo Tejo, muito largo neste sítio e sempre cheio de embarcações”.
Trechos do O Que o Turista Deve Ver, de Fernando Pessoa
Yanna Guimarães
yanna@opovo.com.br
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