ALBERTO PIZZOLI/AFP
"Quatro ou cinco anos", disse Francisco sobre o seu papado. "Acho que o Senhor me colocou para missão breve"
O papa Francisco brincou com a mania de grandeza atribuída nos países vizinhos aos argentinos e contou uma piada sobre o alegado ego de sua terra natal, numa entrevista transmitida ontem pela emissora Televisa, da Cidade do México.
Na entrevista, concedida na Cidade do Vaticano, o sumo pontífice comentou sobre diversos temas, como a reforma da Igreja Católica e a influência argentina em seu papado.
Acrescentou amenidades, a exemplo de suas manifestações de simplicidade e declarações polêmicas. Quando perguntado sobre o fato de responder, pessoalmente, às cartas dos fiéis, esclareceu sobre a correspondência a um amigo de Buenos Aires, na qual comentou a respeito da “mexicanização” da Argentina devido ao tráfico de drogas.
“Ele me pediu desculpas, jurando que nunca mais ia publicar as minhas cartas. É verdade que o fato de tocar em um tema tão delicado pode me trazer consequências; mas tenho que dizer que às vezes me sinto usado pela política do meu país”, admitiu.
Orgulho
O chefe da Igreja Católica lembrou das várias vezes em que recebeu pedidos de audiência de políticos de todas as correntes. Também afirmou que criaria um problema pessoal em seu país ao falar da reação dos argentinos à sua nomeação.
“Os argentinos, quando viram um papa argentino, se esqueceram de todos os que estavam a favor ou contra o papa argentino. Nós, argentinos, que não somos humildes e que somos muito vaidosos”, disse.
Foi então que, para surpresa da entrevistadora, o santo padre lhe perguntou: “Você sabe como um argentino se suicida? Ele sobe em cima de seu ego e se joga lá de cima”, brincou.
Pouco tempo
Na mesma entrevista, Francisco voltou a afirmar que seu pontificado será breve: “Quatro ou cinco anos. É como a psicologia de quem joga e acredita que vai perder para não se desiludir. Acho que o Senhor me colocou aqui para uma missão breve”.
Questionado sobre se gosta de ser papa, Francisco respondeu que “não desgosta”, mas que gostaria de poder sair em Roma de forma anônima para comer uma pizza. E afirmou que sua maior penitência são as viagens: “Eu sou muito apegado ao habitat, é uma neurose”, disse.
Ontem, o chefe da Igreja Católica anunciou a celebração do Jubileu da Misericórdia, a ser iniciado no dia 8 de dezembro. Na mesma data, serão comemorados os 50 anos do final do Concílio Ecumênico Vaticano II, promovido de 1962 a 1965.
O Concílio foi presidido por dois papas: São João XXIII, do início até a morte, em 1963; e o sucessor, beato Paulo VI, do mesmo ano em diante. (Folhapress
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