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sábado, 27 de agosto de 2011

ESTÁ NO JORNAL O POVO - By Eliomar de Lima 27/06/2011

AMC promete multar quem desrespeitar a faixa de pedestre. Tem gente pra isso?

“Todo santo dia, Salomão Bastos, 38, metalúrgico, sabe que tem de ir ao trabalho, só lhe falta a certeza do retorno. Na ida, desce na porta da fábrica. Na volta, precisa cruzar a avenida Senador Carlos Jereissati, conhecida popularmente como avenida do aeroporto. Ali, não há hora. Seja as seis, as dez ou a meia-noite, o fluxo não se interrompe. Carros se comportam como se não tivesse ali, cravada próxima ao Makro, uma faixa de pedestres.
Mas a situação tende a melhorar para ele. Desde o último dia 8, a cidade de São Paulo multa motoristas apressados que não dão preferência em faixas de pedestres, em áreas sem semáforos. Por enquanto, a fiscalização atua somente numa zona restrita da capital paulista. Em Fortaleza, a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC) promete realizar algo semelhante ainda esse ano.
O presidente da Autarquia, Fernando Bezerra, afirmou que, em cerca de 60 dias, deve iniciar o processo educativo de conscientização para o respeito da faixa de pedestre. Semelhante ao que aconteceu em São Paulo, na capital cearense também deve ser aplicada a multa para os motoristas que desrespeitarem a preferencial na passagem destinada a quem anda a pé.
“Nós vamos fazer uma campanha educativa, para conscientizar da importância do respeito ao pedestre, antes de iniciar a fiscalização”, conta o presidente. Segundo ele, a ação será diferente de São Paulo, onde ocorreu justamente o início de aplicação das multas.
A lei de proteção ao pedestre não é nova. O Código Brasileiro de Trânsito prevê punições para o motorista que não dá preferência de passagem a pedestres, mas, na prática, a regra não é obedecida por falta de fiscalização. As multas variam de média a gravíssima (perda de três a sete pontos na carteira), com valores entre R$ 85,12 e R$ 191,53.
Segundo Fernando, o motorista tem de reconhecer o pedestre como parte do trânsito. Mas quem anda a pé também precisa cumprir com suas obrigações nas ruas e avenidas da cidade. “A maior parte das pessoas que sofrem atropelamento não atravessava a rua na faixa destinada ao pedestre”, avalia Bezerra.
Escapando por pouco
A falta de respeito com o pedestre na Capital pode ser descrita em números. Segundo dados da AMC, em 2009, foram 2.481 atropelamentos nas ruas de Fortaleza. Ano passo, o número chegou a 2.164, uma redução de 12,7%. Apesar disso, mais pessoas morreram. Em 2009, 139 vítimas. Em 2010, 153, aumento de 10%.
O metalúrgico Salomão bate na madeira no intuito de escapar, a cada dia, das estatísticas fatídicas. “Difícil é ficar menos de vinte minutos esperando conseguir atravessar. Os ‘cabras’ não respeitam. Nunca aconteceu de um carro parar aqui”, lamuria-se ele, pingando suor da corrida que acabara de fazer.
Antes da conversa, o metalúrgico ficou exatos 15 minutos esperando uma brecha para atravessar. “Só no pé na carreira a gente consegue deixar que a passagem não se finde num hospital. Ou num caixão”, provoca.”
(O POVO)

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