O diálogo possível
Edson Landim vive de tentar solucionar problemas dos outros. É baseado na boa acolhida e no saber escutar que ele prova o que é preciso para ser gentilPara mediar, é preciso escutar. E é assim que o promotor Edson Landim procura fazer do trabalho uma ação de gentileza com o outro. Um trabalho que poderia cair no enfadonho lugar-comum, mas não. É transformador desde o ato de acolher. “Eu acolho pelo nome, pergunto como as pessoas preferem ser chamadas e digo o meu. Isso aproxima as pessoas, quebra o gelo”, descreve o coordenador dos Núcleos de Mediação Comunitária do Ministério Público.
O nome é pomposo, mas para lá só vai quem tem problema. É o ex-marido que quer a guarda do filho, é o vizinho que reclama do armador de rede barulhento da casa ao lado, é a ex-mulher que cobra a pensão, é o condômino que se queixa do cachorro do outro que late alto. O “doutor Landim” escuta os dois lados e dá opções de acordo, mas não determina. “Trabalhamos nesse paradigma de justiça mais humana, humanizada. Os conflitos patrimoniais, com dívidas, como aluguel, são os mais simples. O que envolve pessoas é mais difícil e a mediação não trabalha os conflitos, trabalha as pessoas”, ensina.
E quando chega alguém mais “descompensado”, vai se acalmando quando percebe a maneira respeitosa com que ele lida. “Eu olho no olho. Isso passa firmeza. Há pessoas que sorriem pelo olhar. Isso me encanta. Os poetas dizem que os olhos são o espelho da alma, não é? Faço isso, porque não sei sorrir. Tem gente que tem o sorriso largo, mas eu não. Faço com que o outro sinta firmeza no aperto de mão, no contato, no pedir ‘por favor’, no agradecer sempre”, e sorri o promotor.
Gosto por gente
Para a nossa conversa, ele chega com um livro, Comunicação não-violenta, de Marshall B. Rosenberg. “Nunca, jamais, às vezes são expressões tão violentas, você não acha?” É ele quem leciona o módulo “Acolher com qualidade” aos mediadores. Precisa dar o exemplo.
Orgulha-se ao dizer que os três filhos foram educados no respeito e na tolerância. O casamento já soma 34 anos. “São 34 anos só com uma mulher”, faz questão de repetir. “Minha mãe dizia que, para conhecer uma pessoa, é preciso comer um saco de sal junto com ela. É preciso humildade. É uma das principais características da gentileza”, lembra.
Mas ele chega em casa e não consegue se apartar por completo do trabalho. Admite que somatiza os problemas que ouve ao longo do dia. “Semana passada, fiquei me perguntando por que não havia conseguido unir de novo aquele casal tão jovem. Onde eu falhei? Por que não consegui?”. Porque o mediador tenta ser imparcial, mas não desliga o que sente.
Landim até poderia trabalhar no frio da sala, sem pôr o pé na rua. “Eu gosto de gente, de choro, de suor. Gosto de ir pra rua e sentir de perto o outro. Sou apaixonado pelo meu trabalho”, declara-se. Aí, o promotor faz lembrar o poeta Manoel de Barros, ao escrever - “que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós”. Doutor Landim parece encantado pelo que faz.
SERVIÇO
TELEFONES
(funcionam de segunda a sexta, das 8h às 12h e de 13h às 17h)
Antônio Bezerra: (85) 3235 5427
Barra do Ceará: (85) 3485 4177
Bom Jardim: (85) 3245 8583
Caucaia: (85) 3387 1563
Messejana: (85) 3476 3316
Jurema: (85) 3259 1364
Pacatuba: (85) 3384 4082
Parangaba: (85) 3452 4572
Pirambu: (85) 3433 1751
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