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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Peixes aparecem mortos em mangue na Sabiaguaba

Um cardume apareceu morto no mangue da Sabiaguaba. Moradores denunciam que caminhões estariam levando a água do rio Cocó para uma obra no bairro e derramando óleo no manguezal



 Angélica Feitosa angelica@opovo.com.br
FOTO: MAURI MELO
Moradores denunciam quantidade de peixes mortos no mangue da Sabiaguaba. Técnicos da Seuma foram ao local, mas não identificaram a causa do problema

O entregador José Gomes dos Santos voltou com a rede de pesca vazia do mangue da Sabiaguaba na manhã de ontem. “Há seis meses, você ia ver essa rede cheia”, relembrou. De lá para cá começaram a aparecer dezenas de peixes mortos à beira do manguezal.

Os moradores do bairro denunciam que a aparição dos cardumes mortos coincide com a presença de caminhões que fazem a retirada de água para ser usada em uma obra no bairro. Não há informações sobre qual seria a obra ou a empresa responsável. “Só pode ter é relação. Esse mangue era vivo. Agora é essa podridão”, denuncia José.

A maior concentração de peixes mortos está ao redor de uma das pontes, que fica nas proximidades da barraca Brasileira. Segundo o estudante Francisco Sales, 18, morador da Sabiaguaba, exatamente neste ponto os caminhões retiram água.

O músico Diego Ramires, 29, também mora na Sabiaguaba e acha uma contradição que seja usado um caminhão que recolha água do mangue e, ao mesmo tempo, mate os peixes em uma das poucas reservas preservadas da Cidade. “O mangue é berço de várias espécies. É também um filtro para o mar. É muito absurdo que isso aconteça”, lamenta ele, complementando que muitas pessoas vivem da pesca no bairro.

Uma reunião ocorrerá amanhã para que seja definida a limpeza da área, que deve ser realizada pelos moradores. “Já que a Prefeitura não limpa, nós mesmos vamos limpar”, delimita Diego Ramires. Além de peixe morto, o manguezal sofre com muito lixo.

Prefeitura

A partir da denúncia, técnicos da Célula de Controle de Efluentes, da Secretaria do Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), estiveram no local na tarde de ontem e identificaram a morte dos peixes. Em nota, o órgão informou que “o problema pode ser decorrente de diversos fatores”, como “a baixa de oxigênio da água, resultado das recentes chuvas que carregam matéria orgânica para os recursos hídricos, que, para se decompor, consomem o oxigênio do rio.” O texto não cita a retirada de água por caminhões, como reclamaram os moradores ao O POVO.

Ainda conforme a nota da Seuma, “outra causa possível é um fenômeno chamado inversão térmica, que consiste na diferença de temperatura da água” e “revolve o fundo do meio levando consigo alguns gases tóxicos que podem causar a morte dos peixes”. 

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