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domingo, 11 de janeiro de 2015

Profetas acreditam que vai chover mais em 2015, mas precipitações podem não chegar a todo o Estado. Dados serão compilados em softwar

Saber popular e ciência se unem para prever se haverá chuva

TATIANA FORTES
Antônio de Lima observa colmeias para saber se vai chover



Sara Oliveira
ENVIADA A QUIXADÁ

O encontro de 2015 dos profetas da chuva apontou para otimismo moderado para o sertão cearense. Pode ser que não chova em todo o Estado, mas este não deverá ser mais um ano de estiagem intensa, acreditam os participantes com quem O POVO conversou.
Os profetas trazem dos ancestrais experiências interpretativas sobre plantas, animais e astros. Da observação da natureza, cada um faz previsões para as chuvas nos próximos meses. Conclusões preliminares apontam para maior regularidade nas precipitações. As narrativas ainda serão traduzidas em números, que, com apoio da ciência, definirão, em porcentagem, a probabilidade de boa temporada chuvosa.

Há 19 anos, esses homens e mulheres se reúnem em Quixadá (a 158 km de Fortaleza). Cerca de 30 profetas participam do encontro deste fim de semana.

A maioria dos que O POVO ouviu aposta em chuvas mais intensas em março e abril e com abrangência territorial limitada. Mas eles não arriscam se o volume de chuva conseguirá recarregar os açudes com capacidade quase esgotada.

Cada profecia e os métodos usados farão parte de um banco de dados matemático. O responsável por compilar depoimentos, “achismos” e tradições é o professor do Departamento de Estatística e Matemática Aplicada da Universidade Federal do Ceará (UFC), José Ailton Alencar.

A técnica utilizada por ele e a de elicitação de conhecimento, que extrai as informações subjetivas dos depoimentos. “A gente faz as perguntas, escuta e avalia as incertezas nas respostas. Aplicamos questionário que tem como resposta o sim ou o não e, a partir daí, colocamos em um software que dará a probabilidade”, detalhou Alencar.

Profetas e profecias
O profeta Antônio de Lima, 75 anos, mora no distrito de Custódio, a 25 km de Quixadá, e interpreta os sinais de abelhas, cupins, maribondos e dos pássaros conhecidos como maria de barro. “A abelha, por exemplo, só constrói o inchu (colmeia) quando sabe que vai ter chuva para fazer florescer e ter alimentos para as abelhas que nascerem. Desde outubro que está tudo animado, que a gente vê a formação dos inchus”, explicou. Seu Antônio diz as chuvas chegam no fim de março, com base na época em que começou a construção dos inchus. “A abelha sabe o tempo de fazer o inchu para ficar pronto pra chegada da chuva”.

José Clelio de Assis, 87, de Limoeiro do Norte, analisou oito tipos de árvores e concluiu que as precipitações serão espessadas. “Elas (árvores) estão carregando pouco. O Juazeiro, por exemplo, está atrasado e a Cajarana também não está floreando tanto”.

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