"É o resto humano mais antigo que se conhece na América", pois foi datado entre 12 e 13 mil anos, disse em coletiva de imprensa a diretora-geral do INAH, Maria Teresa Franco, destacando que se trata do elo que faltava para confirmar o vínculo existente entre os primeiros povoadores da América e grupos de indígenas contemporâneos nesse continente.
O esqueleto, que pertenceu a uma adolescente que caiu em um buraco, oferece novas pistas sobre as origens dos primeiros nativos americanos, anunciaram cientistas nesta quinta-feira em estudo publicado na revista científica americana "Science".
Análise
completa de crânios de aproximadamente 1,8 milhão de anos sugere que os
primeiros hominídeos, classificados em diferentes espécies - "Homo
habilis", "Homo rudolfensis", "Homo erectus", por exemplo -, na verdade
pertencem à mesma espécie. O estudo será publicado na revista Science
desta sexta-feira (18). Segundo pesquisadores que encontraram cinco
crânios que datam da mesma época, em Dmanisi, na Geórgia, país situado
no Cáucaso, as diferenças entre eles não são maiores do que as
diferenças entre cinco crânios de humanos de hoje em dia. Assim, os
hominídeos só teriam aparências diferentes. Eles chegaram a esta
conclusão por causa do crânio 5 que combina uma pequena caixa craniana
com uma face alongada e grandes dentes - características que nunca foram
observadas no mesmo crânio de hominídeo antes Leia mais M. Ponce de León/Ch. Zollikofer, University of Zurich, Switzerland
Seus restos foram encontrados em 2007, submersos em uma caverna subaquática, junto com ossos de tigres-dentes-de-sabre, preguiças gigantes e ursos das cavernas, cerca de 41 metros abaixo do nível do mar.
Na época em que ela caiu, a região, conhecida como Hoyo Negro (Buraco Negro, em espanhol) era seca e sobre a superfície.
O degelo de glaciares provocou um aumento no nível do mar que cobriu o buraco com água nos últimos 8.000 anos.
A menina tinha entre 15 e 16 anos e pode ter escorregado e caído naquilo que pareceu para ela, e para os animais que tiveram o mesmo fim, um buraco cheio d'água.
Sua pélvis parece ter se quebrado com o impacto, sugerindo que ela teria morrido logo após a queda, explicou Jim Chatters, arqueólogo e antropólogo forense em Bothell, Washington.
Seu crânio demonstra que ela tinha um rosto pequeno e estreito, olhos separados, uma testa proeminente e dentes que se projetavam para fora.
Sua aparência era "quase o oposto daquela dos nativos americanos", disse Chatters a jornalistas.
Mas um marcador genético encontrado no osso da costela da menina e nos dentes mostrou que sua linhagem materna era a mesma encontrada em alguns nativos americanos modernos.
Origens na Ásia
O estudo sugere que ela teria descendido de pessoas que migraram da Ásia pelo Estreito de Bering sobre uma massa de terra que era conhecida como Beríngia."O que este estudo apresenta, pela primeira vez, é a evidência de que os paleoamericanos com aquelas características distintas também podem ser diretamente vinculados à mesma população originária da Beríngia que a dos americanos contemporâneos", disse Deborah Bolnick, professora assistente da Universidade do Texas, em Austin.
Isto contraria as teorias de alguns especialistas, segundo os quais os nativos americanos descenderam de pessoas que migraram depois, talvez da Europa, do sudeste da Ásia, ou da Austrália.
"Eu costumava ser um daqueles defensores dos eventos das imigrações múltiplas", afirmou Chatters, um arqueólogo mais conhecido por seu trabalho sobre o Homem de Kennewick, restos de crânio e esqueleto de 9.800 anos encontrados no estado americano de Washington.
Chatters acreditou inicialmente que o Homem de Kennewick descendia de colonos europeus, porque seu crânio não parecia com o de um rosto de um nativo americano típico.
Uma pesquisa subsequente e exames de DNA feitos em Naia mudaram, porém, sua forma de pensar sobre a origem dos primeiros nativos americanos.
A equipe internacional de cientistas que trabalha em Naia identificou apenas um marcador genético de seu DNA mitocondrial, chamado haplogrupo mtDNA D1.
"O haplogrupo D1 se derivou de uma linhagem asiática, mas é encontrado apenas nos americanos de hoje", explicou Bolnick.
"Aproximadamente 11% dos nativos americanos possuem esta linhagem genética", acrescentou.
"É encontrado em toda a América do Norte, Central e do Sul, e esta linhagem, a D1, é especialmente comum em algumas populações sul-americanas", prosseguiu.
Bolnick disse que sua análise nesse ponto não pode excluir a possibilidade de que outros povos primitivos, conhecidos como paleoamericanos, venham de lugares diferentes da Beríngia, mas até agora essa evidência não sustenta esta possibilidade.
Futuras pesquisas visam a decodificar seu DNA nuclear, o que deverá revelar mais detalhes sobre sua ancestralidade.
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