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terça-feira, 15 de maio de 2012
ESCRITOR MEXICANO CARLOS FUENTES MORRE AOS 80 ANOS
SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES
Morreu nesta terça-feira, aos 83, o escritor mexicano Carlos Fuentes, um dos últimos remanescentes do chamado "boom latino-americano" (movimento literário de repercussão internacional nos anos 60 e 70).
Fuentes sentiu-se mal durante a madrugada, em sua casa, na Cidade do México. Levado ao hospital, detectou-se uma hemorragia, causada provavelmente por uma úlcera, que o levou à morte às 12h15 (14h15 em Brasília).
A notícia tomou de surpresa o mundo literário. Fuentes estava em plena atividade.
Havia participado da Feira do Livro de Buenos Aires, no início do mês, e escrevia uma série de artigos sobre a eleição francesa, além de um novo romance, "Federico en Su Balcón", que a Rocco deve lançar neste ano no Brasil.
Filho de um diplomata, Fuentes nasceu no Panamá e viveu em vários países, como Argentina, Brasil e EUA.
Escreveu mais de 20 livros, entre eles clássicos da literatura latina, como "La Región Más Transparente", "Aura" e "A Morte de Artêmio Cruz". Com o Nobel Octavio Paz, fundou, em 1955, a Revista Mexicana de Literatura.
Entre os muitos prêmios que Fuentes recebeu estão o Cervantes (1987), o Príncipe de Astúrias das Letras (1994) e o Nacional de Literatura do México (1984). Além disso, ganhou distinções tais como a Ordem da Independência Cultural Rubén Darío, outorgada pelo Governo sandinista (1988); a Ordem ao Mérito no Chile (1993) e a espanhola Grã-Cruz da Ordem de Isabel, a Católica (2008).
Em 2001, o ministro Carlos Abascal censurou seu livro "Aura" (1962). A polêmica promoveu um aumento na vendas. Na época, Fuentes afirmou que estava tentando doar 10% das vendas a Abascal, por considerá-lo seu melhor agente literário.
Uma de suas obras recentes, o ensaio "La Gran Novela Latinoamericana" (o grande romance latino-americano), deve sair pela Rocco.
Admirador de Machado de Assis, Fuentes acreditava que o brasileiro era o herdeiro de Miguel de Cervantes na América do Sul, ideia que defendeu em um famoso ensaio, "Machado de la Mancha".
A literatura, porém, não era sua única paixão: ele envolvia-se no debate político de seu país. Formado em direito pela Universidade Autônoma do México, foi representante mexicano em organismos internacionais e embaixador na França (1972-76).
Participava ativamente das discussões sobre os rumos do México e era crítico tanto com relação ao PRI (Partido Revolucionário Institucional), que ficou no poder por mais de 70 anos, quanto ao atual partido de situação, o PAN (Partido da Ação Nacional).
Recentemente, manifestava uma visão muito crítica com relação à guerra contra o crime organizado iniciada em 2006 por Calderón.
Em entrevista à Folha no ano passado, disse que as próximas eleições mexicanas, em julho, serão a última oportunidade para a democracia no país. "Ou as eleições são legítimas, e se cria uma democracia estável, ou o crime embarga o México."
Fuentes também lecionou em universidades internacionais e recebeu o título de catedrático em Harvard (EUA) e Cambridge (Reino Unido). Ontem, foi feito doutor "honoris causa" pela Universidade das Baleares (Espanha).
Fuentes era casado com a jornalista Silvia Lemus, com quem teve dois filhos, mortos tragicamente: Natasha, aos 29 anos, viciada em drogas, e Carlos, aos 25, hemofílico.
"Eu os convoco, na hora de escrever estão comigo, me ajudam, imagino o que eles poderiam imaginar, o que poderiam dizer, e isso me ajuda a mantê-los vivos."
Veja lista de obras de Carlos Fuentes publicadas em português
- "A Morte de Artemio Cruz"
- "Eu e os Outros Ensaios Escolhidos"
- "Gringo Velho"
- "A Campanha"
- "A Laranjeira"
- "Aura"
- "A Fronteira de Cristal"
- "Os Anos com Laura Diaz"
- "O Espelho Enterrado"
- "Instinto de Inez"
- "Contra Bush"
- "A Cadeira da Águia"
- "Este é meu Credo"
- "Inquieta Companhia"
- "Geografia do Romance"
- "Em 68"
- "A Vontade e a Fortuna"
- "Todas as Famílias Felizes"
- "Adão no Éden"
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