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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

ESPOTIVA

Gérson da Silva, o Gérson, era centroavante nato, daqueles em que o único objetivo é mandar a bola para as redes, sem importar o jeito. Ao todo, fez 23 gols na Copa do Brasil, bem menos, é verdade, que os 36 de Romário, o maior artilheiro da disputa, mas que o ajudaram a fazer o que ninguém mais conseguiu: ser o artilheiro de três edições, as de 1989, 1991 e 1992. Morreu cedo, aos 28 anos, com Aids e, segundo a família, abandonado pelo Internacional, o qual ajudou, com nove gols, a ganhar o título da competição nacional há 22 anos.
É esta história, da doença, do abandono e, por que não, da amizade, de Silas, e da superação, neste caso da esposa Andréa e do restante da família do jogador, que a reportagem especial que você pode assistir no vídeo acima conta
Gazeta Press
Brasileiro Corinthians Internacional Gérson Pacaembu 26/04/92
Gérson em jogo contra o Corinthians, em 1992
Conta os momentos bons, de luxo até, e os ruins, de expectativa, de dor antecipada ao ter que se fazer de novo um teste de HIV. E também de outra dor, talvez a mais forte, a de ser deixado de lado após a notícia ser a pior possível.
"Ele tinha vindo do treino, a gente tinha acabado de almoçar, e aí ele recebeu um telefonema do clube pedindo para ele repetir o exame... Depois, ele foi abandonado. Ele ficou internado uma semana, e o clube nunca ligou para saber onde o jogador estava e por que não aparecia para treinar", afimou Andréa Mayr Felipe da Silva, esposa com a qual o centroavante teve três filhas, Tábata, a mais velha, Tamires, a do meio, e Taynah, a caçula, que nasceu apenas três dias após a morte do pai, que também vestiu as camisas de Santos, Guarani, Paulista-SP e Atlético-MG.
O ex-jogador Silas, que fez história no São Paulo, foi campeão mundial sub-20 ao lado de Gérson na seleção brasileira e hoje, com 49 anos, é técnico, foi o amigo verdadeiro do atacante.
"Naquela época, 20 anos trás, se falar de Aids era um negócio... Eu acompanhei àquela fase inicial da doença do Gérson, mas ele não falou para mim que ele estava doente... Ele me pedia para levá-lo na clínica para tomar o medicamento, que era o AZT, mas ele não falava nada, e eu também não, era aquele silêncio, né... Silêncio de irmão", afirmou.
Para Andréa, a viúva que teve de se virar e até trabalhar como faxineira, Gérson não morreu no dia 17 de maio de 1994, quando fechou os olhos pela última vez. Morreu bem antes, ainda com vida.
"A vida acabou para ele não foi quando ele morreu, mas foi quando ele foi abandonado, pelos amigos, pelo clube, ali acabou o Gérson da Silva, centroavante."
Reprodução
Reprodução Capa Correio do Povo Gérson Internacional 'Não tenho Aids'
Reprodução de reportagem do jornal "Correio do Povo" de 1992

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