Vaticano e China estão próximos de acordo histórico sobre nomeação de bispos
"Um grupo de trabalho foi instituído e, através dele, ambas as partes buscam resolver os problemas acumulados. [O principal] é a nomeação dos bispos e depois de uma série de conversas, chegou-se a um consenso preliminar que levará a um acordo sobre a nomeação dos prelados", informou Hon.
Desde a década de 1950 existe na China uma "igreja cristã oficial" e a Igreja Católica de Roma atua quase que na clandestinidade. Com isso, as nomeações de bispos para as dioceses chinesas são feitas pelo governo e não pelo Pontífice, como é tradicional em todas as partes do mundo.
"Segundo a doutrina católica, o Papa é a mais alta autoridade na nomeação de um bispo. Se o Papa tem a última palavra sobre a dignidade e a idoneidade de um candidato episcopal, as eleições da Igreja local e as recomendações da Conferência Episcopal da Igreja Católica na China serão simplesmente uma maneira de repassar informações", acrescentou o cardeal de Hong Kong.
A Conferência Episcopal da Igreja Católica na China, além de não ser reconhecida pelo Vaticano, comumente dá "conselhos" aos cristãos que nada tem a ver com a doutrina da Igreja Católica. Por exemplo: na última edição da reunião da entidade, em dezembro passado, um dos principais líderes do governo chinês, Yu Zhengsheng, discursou e pediu que os católicos chineses promovessem o "comunismo e o patriotismo" pela religião.
No entanto, desde que o papa Francisco assumiu o posto de líder da Igreja, ele vem tentando acelerar as negociações para por fim - ou amenizar - as divergências em prol dos católicos do país. Sobre os sete bispos nomeados recentemente sem a autorização do Vaticano, o cardeal lembra que eles "escreveram para o Papa e disseram estar dispostos a pedir perdão". Questionado sobre os temores de um envolvimento do Vaticano com um Estado que limita a liberdade de culto, Tong disse que permitir que o líder da Igreja nomeie os bispos é "uma liberdade fundamental".
"A Igreja nos ensina a escolher o menor de dois males. Portanto, sob o ensinamento do princípio do realismo que o papa Francisco ensina, é claro qual o percurso que a Igreja Católica na China deve percorrer", finalizou o cardeal.
Agência Brasil
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