Catadora cria biblioteca com obras encontradas no lixo no interior de SP
AUGUSTO FIORIN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
A catadora de recicláveis Cleuza Aparecida Branco de Oliveira, 47,
sempre cultivou o sonho de ter uma biblioteca em sua casa, em Mirassol
(455 km de São Paulo). Apaixonada por leitura, queria poder emprestar
livros a pessoas sem condições de comprá-los.
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
De tanto ver obras jogadas no lixo de escritores como Machado de Assis, José Saramago e Érico Veríssimo, Cleuza, então semianalfabeta, passou a lê-las e pôde, neste ano, realizar seu sonho.
Foi guardando livros e inaugurou a biblioteca não em casa, mas na associação de catadores, da qual participa, localizada no centro de triagem do lixo.
O acervo já conta com 300 títulos. Criado e administrado por 11 catadores, o espaço tem um canto de leitura, uma brinquedoteca, uma área para discos, brechó e, claro, os livros.
Augusto Fiorin/Folhapress | ||
A catadora de recicláveis Cleuza Branco de Oliveira, 47, lê obra na cooperativa de Mirassol, no interior de SP |
"Não tem burocracia e não precisa preencher nada. Alguns levam para casa e outros optam por ler no próprio barracão", afirmou o biólogo Luiz Fernando Cireia, 31, incentivador e usuário do projeto.
Empresas de Mirassol também têm feito doações, que vão possibilitar, inclusive, a ampliação da área, de acordo com Cleuza.
Com salário de R$ 500 mensais, os catadores terão um pequeno acréscimo de renda, ainda não calculado, graças à venda de alguns títulos.
Mas Cleuza garante que o objetivo não é financeiro, é dar aos colegas a oportunidade de ler esses livros.
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