O privilégio foi nosso, Angelim


Caiu o pano da carreira de Ronaldo Angelim. O zagueiro não tem mais força e condição física para atuar e pediu para antecipar o fim do contrato com o Fortaleza. Contusões recentes nos adutores das coxas e uma difícil recuperação pela frente anteciparam o que seria realidade no fim da temporada. Poderia ter continuado, mas preferiu se preservar e preservar o clube, atitude que não surpreende quem o conhece.
Ídolo de Fortaleza e Flamengo (difícil ser assim reconhecido por duas torcidas enormes) o jogador teve uma carreira sólida, paciente, vencedora. Tecnicamente sempre foi muito bom e certamente está entre os melhores que o futebol cearense e nordestino produziu.
Não me cabe aqui fazer um resumo de sua trajetória. Isso todo mundo sabe, viu ou torceu. Mas faço questão de destacar que foi ótimo ter comentado muito de seus jogos, de seus gols decisivos, participado de entrevistas com ele e conhecido um pouco de um atleta muito diferente do que se percebe no vaidoso ambiente futebolístico, nos bastidores da bola.
Claro, não há alguém perfeito, longe disso. E Ronaldo Angelim nunca quis ser. Mas não é difícil identificar o caráter, a genuína humildade e a sabedoria  de um cara que chorou muito nesta segunda-feira na sala de imprensa do Fortaleza. Chorou como se menino fosse, agradecendo ao seu clube de coração e dizendo ser um privilégio, ainda que distante da maneira ideal, poder encerrar ali no tricolor a sua carreira.
Foram lágrimas honestas de alguém que está deixando pra trás o que mais gosta de fazer, mas que o fez durante todos esses anos deixando a marca da liderança silenciosa, do exemplo pelas atitudes, da dedicação perene. E é isso que vale na vida, afinal.
O privilégio, portanto, foi nosso.