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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

GIRO POLICIAL

Reconstituição indica que suspeito pode ter agido sozinho

Um mês e cinco dias após o crime que vitimou a menina Rakelly Matias Alves, de 8 anos, mais de 50 profissionais de segurança se reuniram, ontem, no sítio onde a menina foi encontrada para a reconstituição do caso. O suspeito, o caseiro José Leonardo de Vasconcelos Graciano, o Zé, que segue preso, foi levado para esclarecer se houve ou não a participação terceiros na ação.

Rakelly desapareceu no dia 21 de setembro e foi encontrada morta em uma cacimba, três dias depois, em sítio na localidade de Gereraú, em Itaitinga (Região Metropolitana de Fortaleza). Ela tinha sinais de violência sexual e asfixia.
 

De acordo com o promotor de Justiça, Luís Bezerra, na reconstituição, José Leonardo conseguiu provar que é capaz de conduzir o corpo até a cacimba “mesmo andando com uma perna só e de muletas”.

O POVO apurou que outra das dúvidas era referente à tampa da cacimba. No depoimento, o caseiro afirma que usou puxador para abrir e fechar a tampa. No entanto, o puxador não existia quando os policiais chegaram ao sítio. Para abrir a cacimba, no dia em que foi encontrado o corpo de Rakelly, foi usada uma enxada. A Polícia concluiu que alguém teria tirado o puxador para dificultar que o corpo fosse encontrado. Não foi esclarecido se Leonardo ou outra pessoa teria retirado o puxador.

Simulação
No primeiro momento da reconstituição, inspetora da Divisão de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) atuou e simulou ser Rakelly em conversa com Leonardo, no alpendre da casa principal do sítio. Boneca com o mesmo peso da criança (aproximadamente 30 quilos) também foi usada.

O suspeito ainda mostrou como asfixiou a criança, e, em seguida, pegou um saco para colocar o corpo. O saco foi arrastado até a cacimba. Leonardo então mostrou que sentou na borda da cacimba e puxou o corpo para colocar no reservatório de água, com bastante dificuldade.

Segundo a diretora da DHPP, delegada Socorro Portela, Leonardo tentou mentir na versão inicial. “A primeira versão é de que ele mostrava a cacimba para Rakelly e a menina caiu e bateu a cabeça. Em seguida, ele teria a asfixiado e jogado dentro do compartimento de água. No entanto, ele confirmou a segunda versão, que seria a verdadeira, de que asfixiou Rakelly na casa grande e, em seguida, a levou para a cacimba”, relata.

Conforme a delegada, estavam na casa do caseiro um irmão de Leonardo, a esposa e outra criança. 

Mas nenhuma dessas pessoas diz ter visto Rakelly na casa grande.

Frases

NO SONHO ELA CHEGAVA A MIM DIZENDO QUE NÃO ESTAVA ENTERRADA. ELA ESTAVA EM UM LUGAR ESCURO E COM UMAS FOLHAS. ERA UM BURACO ESCURO”
 
Rafael Uchôa, vizinho

LEONARDO CONSEGUIU NOS PROVAR QUE É CAPAZ DE CONDUZIR O CORPO ATÉ ONDE FOI OCULTADO, MESMO ANDANDO SÓ COM UMA PERNA E DE MULETAS”

Luís Bezerra, promotor de Justiça 
 
Saiba mais

Sonho
Rafael Uchôa mora em frente ao sítio onde aconteceu o crime. Ele diz que conhecia Rakelly desde que a mãe dela estava grávida e que, quando teve notícias do sumiço da criança, teve um sonho: “No sonho, ela chegava a mim dizendo que não estava enterrada. Ela estava em um lugar escuro e com umas folhas. Era um buraco escuro. A delegada Socorro procurou a gente, a gente disse do sonho”, relatou. 

Conforme o vizinho, quando a delegada achou a criança, ela o chamou e disse: “Achei ela do mesmo jeito do sonho”, recontou Rafael, emocionado.

Mãe
A mãe de Rakelly, Patrícia Alves, diz que quer que o caseiro pague pelo que fez e que o caso não fique impune. “Ninguém sabe o que estou passando. Sei que não vai trazer ela de volta, mas quero que ele pague”, conta a mãe. 

Avó 
A avó de Rakelly, dona Maria Alves, denunciou que a esposa de Leonardo tentou encobrir o crime do marido. “A comidinha dela (Rakelly) estava em cima da mesa. Minha filha foi lá atrás da criança. O menino dela (da esposa de Leonardo) disse assim: ‘a Rakelly não esteve aqui, mãe?’ E ela ‘plantou’ a boca na mão do menino”.
 
Reconstituição
Tanto Leonardo como os dois familiares dele que participaram da reconstituição ontem usavam coletes balísticos. Na saída eles foram hostilizados por moradores. Havia isolamento do BPChoque. 

Fonte: O Povo

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