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terça-feira, 26 de abril de 2016

GIRO ECONÔMICO

Em Fortaleza, só 23% das domésticas têm carteira assinada

Pesquisa mostra redução no número de domésticas na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) nos últimos anos. Mas a crise econômica pode mudar este cenário


Andreh Jonathasandreh@opovo.com.br

 
Das 102 mil trabalhadoras domésticas na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), 23,2% delas têm carteira assinada. A constatação é da pesquisa “O Emprego Doméstico na Região Metropolitana de Fortaleza”, divulgada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

No comparativo com outras regiões metropolitanas, Salvador tem o percentual de celetistas domésticas de 45,7% com carteira assinada; Porto Alegre, de 47,9% e São Paulo, 42,8%. Conforme Erle Mesquita, coordenador de Estudos e Análise de Mercado do Instituto do Instituto do Desenvolvimento do Trabalho (IDT), o percentual de Fortaleza é “muito baixo”.

“O trabalho doméstico é dependente do orçamento familiar, que está bastante retraído. Foi reduzido mais ainda com a inflação. Boa parcela das trabalhadoras mensalistas que estavam na ilegalidade, com o avanço da legislação, passaram a trabalhar como diaristas”, analisa.

Oportunidades
De 2009 a 2015, caiu de 141 mil pessoas que trabalham na atividade doméstica para 111 mil. A retração antecede a legislação mais rigorosa para a contratação de mensalistas, que chegou com a Emenda Constitucional nº 72, regulamentada em junho do ano passado. 

Conforme Erle, a economia em crescimento fez com quem esses trabalhadores tentassem outras atividades, o que explicaria a queda no número de trabalhadores na área.

Mas de 2013 a 2015, houve uma certa estabilidade nos números. Desta vez, com a economia em crise, o trabalho doméstico passou a ser uma oportunidade, diante de um cenário de desemprego e poucas opções para mudar de atividade. “Boa parcela migrou para outras atividades, como comércio. Agora, com o período mais crítico da economia, a atividade doméstica pode ser uma alternativas, principalmente como diarista”.

O problema, neste caso, é que a jornada de trabalho de uma diarista é quase metade da mensalista. Com isso, tem dificuldade de manter um ciclo e a semana toda preenchida. “Mesmo que ganhe R$ 90 por diária, tem que trabalhar o mês inteiro para ter uma renda adequada”.


 

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