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segunda-feira, 5 de junho de 2017

COTIDIANO

O respeito seletivo do motorista pela faixa de pedestres

Área de Trânsito Calmo instalada no Porangabussu, perto da UFC, permite melhor convivência entre veículos e pedestres JULIO CAESAR

Mesmo com a sinalização na via, motoristas desrespeitam aqueles que cruzam a pé as ruas de Fortaleza. Regras são obedecidas nas áreas turísticas e onde a Prefeitura realizou intervenções de trânsito

Caminhar na faixa de pedestre em Fortaleza pode ser uma experiência diferente de acordo com a região onde ocorre a travessia. O local é sinalizado e determinado para que aqueles que percorrem a Cidade a pé tenham prioridade, mas muitos motoristas desrespeitam as determinações. Alguns aceleram ao verem pessoas tentando a travessia.
Outros até reduzem a velocidade, mas não param. Poucos são os locais em que condutores freiam nas faixas sem a presença de semáforos para coibir.
Sendo ou não para turista ver, o fluxo de veículos parou quando o bancário Marcos Sousa, 30, tentou atravessar a Beira Mar. O costume impressionou o soteropolitano. “Nunca tinha visto isso, nem em Salvador nem em outras capitais. Acabei de chegar, saí a primeira vez do hotel e foi assim. Foi uma boa surpresa”, disse.O costume seletivo intrigou um dos mais recentes vendedores de água de coco de Fortaleza. Mário Costa, 26, começou o novo negócio no entroncamento entre as avenidas Beira Mar e Desembargador Moreira. Olhando para as vias parte do dia, ele conta que é raro ver algum motorista não dar prioridade aos pedestres na faixa. Morador do Mucuripe, ele lamentou que em outras regiões, mesmo próximas à orla, o costume não se repita. “Aqui é muito pela questão de ser turístico. Já no restante da Cidade, acho que é falta de respeito e educação mesmo”, criticou.
Há poucos dias na Capital, a empresária acreana Karina Bezerra, 36, conheceu outros pontos turísticos e lamentou os desrespeitos. Na Praia do Futuro, onde foi acompanhada da família, mesmo com o baixo fluxo de veículos durante a semana, os banhistas esperavam que os carros passem antes de cruzar a via. “Eu até estranhei, porque aqui (Praia do Futuro) também é uma zona turística”, disse, comparando com a Beira Mar.
Para além do turismo, na avenida Antônio Sales, próximo ao viaduto da Engenheiro Santana Júnior, a faixa de pedestres indica que a cultura de respeito pelos que caminham pode ser propagada. Na região, onde há fluxo intenso de crianças devido a escolas, veículos circulam com velocidade reduzida e param quando alguém se aproxima da sinalização horizontal. “Moro aqui perto é só aqui mesmo que acontece. Em outros locais, quando param, é em cima da faixa e não esperam que as pessoas terminem de atravessar”, comentou o estudante Victor Paiva, 16.
Desrespeito
Seja em ruas e avenidas do Cocó ou em locais mais distantes, o que mais se nota mesmo é o desrespeito aos pedestres. Na Avenida da Universidade, próximo à sede do Partido dos Trabalhadores (PT), a faixa é raramente utilizada. Os poucos que tentam, precisam esperar que o trânsito seja interrompido por semáforos em pontos anteriores da via.
“Aqui, se for com essa história de botar o pé e parar os carros, é capaz de a pessoa perder é o pé. Ninguém respeita. Às vezes até um para, mas os que vêm nas outras faixas não querem saber”, disse o operário Adriano Mesquita, 32.
De acordo com o assessor técnico da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), André Luís Barcelos, a faixa estar ou não integrada a um semáforo não diminui a prioridade que ela garante ao pedestre. “Toda vez que o pedestre tiver a intenção de atravessar, a legislação indica que o condutor deve priorizá-lo”, explicou. (Igor Cavalcante - victorigor@opovo.com.br)
30km/h é a velocidade máxima permitida em Áreas de Trânsito Calmo.
Além da redução da velocidade, esses espaços ganham calçadas mais largas e placas educativas. 

Saiba mais
A travessia dos pedestres
Nas faixas integradas a semáforos, os sinais luminosos gerenciam o tempo de passagem de veículos e pedestres. Caso alguém não tenha concluído a caminhada, os carros devem aguardar, mesmo que o semáforo tenha liberado a passagem. Já em faixas de pedestres sem o equipamento, o fluxo de veículos deve ser interrompido quando alguém indicar o interesse de realizar a travessia.
Conforme o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o pedestre deve sempre usar as faixas para cruzar a pista. Caso não tenha uma numa distância de até 50 metros, a travessia pode ocorrer em qualquer lugar, sempre em linha reta e o mais rápido possível.
Área de Trânsito Calmo
Poligonais na Cidade 2000 e nas proximidades do hospital Albert Sabin, na Vila União, serão as próximas a receber Áreas de Trânsito Calmo em Fortaleza.
Fonte: O Povo

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